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Vacinas – Por que elas são tão importantes?

A vacina ainda é a melhor forma de se prevenir contra doenças, mas as campanhas de desinformação tem prejudicado e feito doenças já erradicadas voltarem a circular. Entenda o que são vacinas bivalentes e como elas funcionam, e previna você e sua família.

A Vacina e o Perigo da Desinformação

As vacinas foram uma das grandes inovações dos últimos séculos, atuando diretamente no bloqueio de doenças que já dizimaram milhares de pessoas em outras épocas. Eventos históricos aterrorizantes como a peste negra e a gripe espanhola poderiam ter ceifado muito menos vidas se naquele momento já existissem vacinas capazes de bloquear o avanço dos seus agentes causadores. Curiosamente, contudo, o grande mal do século XXI não é um vírus ou uma bactéria, ou mesmo um agente biológico, mas a informação falsa, ou fake news, como é chamada.

Nos últimos anos uma verdadeira campanha de desinformação foi criada para convencer as pessoas a não se vacinarem. Os motivos alegados parecem tirados de episódios da série Arquivo X, um grande sucesso dos anos 90 no qual os investigadores acreditavam que o governo conspirava contra o povo americano testando armas biológicas e marcando as pessoas através de vacinas, entre outras infinitas teorias da conspiração que envolviam alienígenas e outras lendas urbanas.

Segundo o historiador israelense, no seu livro mais recente “Nexus: Uma Breve História das Redes de Informação, da Idade da Pedra à Inteligência Artificial, essa desconfiança em relação às instituições pode ter sua origem em livros como História da Loucura e Vigiar e Punir, do filósofo francês Michel Foucault. Escritos num contexto de busca pela democracia, numa atitude de luta contra o totalitarismo que tomaram conta da Europa na primeira metade do século, o discurso do filósofo teria acabado por gerar um efeito secundário de desconfiança em relação a todas as instituições, inclusive as de pesquisa científica e de serviços públicos como a saúde e a educação.

Um disparate, quando se pensa que estas instituições são frutos de governos democráticos, mas que tem sido incrivelmente eficazes ao utilizar redes sociais para divulgar informações falsas e convencer as pessoas a desconfiarem de toda pesquisa científica. O efeito desta campanha pode ser sentida de forma mais forte durante o auge da pandemia do covid-19, quando a desconfiança em relação às vacinas em desenvolvimento levaram muitas pessoas a recusarem a vacina e preferirem correr o risco de se contaminar, alegando que assim adquiririam anticorpos de forma natural. Um argumento estranho, já que em toda sua existência humanidade nunca adquiriu de fato imunidade a todas as doenças existentes, só ganhando eficácia no combate a elas depois que a ciência conseguiu desenvolver a vacina.

A Importância da Vacina

As vacinas representam uma inovação crucial no campo da imunização, desempenhando um papel significativo na prevenção de doenças e na promoção da saúde global. A primeira pessoa a ser vacinada, segundo a história, teria sido um menino inglês no ano de 1796. Um médico inglês, Dr. Edward Jenner, havia observado que algumas ordenhadoras de vacas contraíam uma variação da varíola (mais fraca) ao lidar com os animais, e assim ficavam aparentemente imunes à varíola humana, muito mais perigosa e algumas vezes fatal.

O médico decidiu realizar uma experiência a partir do material retirada da lesão de varíola bovina, aplicando o material em um menino e depois expondo ele à varíola humana. O menino tinha se tornado imune, e não contraiu a doença. Surgia assim a vacina, derivada do termo latim “vacca” (vaca). A partir deste primeiro experimento muitas outras vacinas seriam desenvolvidas, organizando-se campanhas de vacinação para imunizar o máximo de indivíduos possíveis. O objetivo era criar uma barreira, uma muralha de pessoas imunizadas, impedindo assim que os agentes causadores das doenças, os vírus e bactérias, pudessem de disseminar.

As Vacinas Bivalentes

Um avanço desta tecnologia foi o desenvolvimento de vacinas bivalentes. Em vacinologia, esse termo refere-se à capacidade da vacina de conferir proteção contra duas cepas distintas de um patógeno específico. Essa abordagem é particularmente relevante em doenças causadas por diferentes variantes do mesmo microrganismo, proporcionando uma defesa abrangente.

Um exemplo ilustrativo de vacina bivalente é aquela desenvolvida para combater infecções pelo vírus da gripe. Nesse contexto, a vacina bivalente é formulada para proteger contra duas cepas específicas do vírus influenza que são consideradas mais prováveis de causar epidemias sazonais. Essa estratégia é um avanço notável, considerando a capacidade mutagênica do vírus da gripe, que pode se modificar ao longo do tempo.

A base científica por trás das vacinas bivalentes reside na resposta imunológica do corpo. Quando uma pessoa é vacinada, o sistema imunológico é exposto a componentes inofensivos do patógeno-alvo, desencadeando a produção de anticorpos específicos. Esses anticorpos agem como defensores do corpo, reconhecendo e neutralizando o patógeno caso a pessoa seja posteriormente exposta a ele.

No caso das vacinas bivalentes, a seleção de duas cepas específicas visa abordar a variabilidade genética dos patógenos, aumentando a eficácia da vacina contra diferentes formas do mesmo agente infeccioso. Esse enfoque estratégico é especialmente relevante em situações onde a diversidade genética do patógeno pode comprometer a eficácia de uma vacina que visa apenas uma cepa.

Um aspecto crucial para a compreensão das vacinas bivalentes é a importância da imunização de rebanho. Esse conceito refere-se à proteção indireta que um grupo de pessoas vacinadas oferece àqueles que não foram vacinados. Quando uma porção significativa da população é imunizada contra uma doença específica, a propagação do patógeno é reduzida, beneficiando até mesmo aqueles que não receberam a vacina.

Além da eficácia ampliada, as vacinas bivalentes têm o potencial de simplificar os programas de imunização, otimizando recursos e esforços. Em vez de administrar várias vacinas específicas para cada cepa do patógeno, uma única vacina bivalente pode oferecer proteção abrangente, simplificando o processo de imunização em larga escala.

Vacinas Bivalentes - Por que elas são tão importantes?
Em 2022 a ANVISA aprovou o uso de vacinas bivalentes no combate ao Covid-19. As vacinas bivalentes, considerada como de segunda geração, eram eficientes contra a variante original do novo coronavírus 

Acessibilidade ainda é um Desafio

Além da sensibilização quanto à importância da vacinação, é essencial abordar as considerações éticas e sociais associadas às vacinas bivalentes. A acessibilidade, equidade e distribuição justa dessas vacinas são desafios críticos que devem ser enfrentados para garantir que os benefícios da imunização se estendam a todas as comunidades, independentemente de sua localização geográfica ou status socioeconômico.

Quando as vacinas são acessíveis e amplamente distribuídas, é possível alcançar a imunidade coletiva, o que reduz a circulação de agentes patogênicos e protege também aqueles que não podem ser vacinados, como pessoas imunocomprometidas ou alérgicas a determinados componentes das vacinas.

Além disso, a acessibilidade às vacinas contribui para a diminuição de surtos e epidemias, reduzindo o impacto econômico e social das doenças. Em última análise, vacinas acessíveis fortalecem os sistemas de saúde, promovem a equidade social e ajudam a salvar milhões de vidas ao redor do mundo.

Embora a importância da vacinação seja um fato incontestável, tem sido senso comum entre profissionais da saúde a diminuição de pessoas vacinadas nestes últimos anos. Isso tem ocasionado o retorno de muitas enfermidades que já estavam erradicadas no território nacional, colocando a população em risco de novas epidemias. A divulgação de conhecimento sobre vacinas torna-se, assim, essencial para combater o mal da desinformação. Esta se beneficia do desconhecimento para divulgar informações falsas apenas por interesses políticos escusos e egoístas de grupos que querem chegar ao poder e abusam do sofrimento humano para alcançar seus interesses.

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