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MAKER – O que é o que faz um?

O que aconteceria se chegássemos perto da extinção? Voltaríamos a ser coletores habitando em cavernas? Onde é que o Maker entra nisso?

3 minutos de leitura

Já parou pra pensar o que aconteceria se toda a humanidade chegasse perto da extinção, e sobrassem apenas alguns poucos homens e mulheres caminhando sobre a terra? Quanto da tecnologia atual essas pessoas, aleatoriamente escolhidas, seriam capazes de reproduzir? Seríamos capazes de fazer casas, vacinas e alimentos, ou retrocederíamos 160 séculos de desenvolvimento tecnológico pra voltar a ser coletores e caçadores morando em cavernas?

No século passado, um economista americano chamado Leonard Read escreveu um artigo propondo a ideia de que uma única pessoa não seria capaz de fabricar nem uma coisa tão simples quanto um lápis na sociedade moderna. O artigo “I, Pencil“, disponível em inglês na página do Instituto Ludwig von Mises Brasil, expõe de maneira divertida esta que é uma das maiores fraquezas do século XX e XXI: a codependência que temos. Existe muito conhecimento, mas cada pessoa se apropria apenas de uma pequena parcela, sendo majoritariamente dependente de outras para todo o resto.

Perceba que se substituirmos as florestas pelos supermercados, somos basicamente uma sociedade coletora. Não produzimos, não criamos, não construímos, apenas coletamos e consumimos. Talvez por isso séries como The Walking Dead nos aterrorizem tanto, porque se um evento semelhante ocorresse o mais provável é que não seríamos capazes de manter o nível tecnológico de nossa sociedade funcionando.

Isso é verdade pra grande maioria de nós, mas não para os makers. Essas pessoas que se dedicam a aprender a fazer as coisas elas mesmas, e que já estão por aí a um bom tempo, já estariam a essa altura procurando uma publicação que ensine como fazer seu próprio lápis. Em uma tradução livre, “maker” é um “fazedor”. Ele é fruto de uma cultura que possui registros sobre toda forma de tecnologia, seja através de livros, vídeos ou qualquer outra mídia. E que foi incrivelmente potencializado pela chegada da internet.

O maker que faz a diferença

No Brasil, Santos Dumont poderia ser considerado um maker tanto por sua curiosidade e engenhosidade quanto por sua disposição em disponibilizar suas descobertas para quem quisesse desenvolve-las. Quando criança ele brincava com as peças e ferramentas das locomotivas que existiam na fazenda de café de sua família. Depois aprendeu a trabalhar com motores e criou seu próprio avião, numa época em que isso ainda nem existia.

Steve Jobs e e Steve Wozniak criaram a partir do conhecimento existente um computador conectado a um televisor que permitia ver em tempo real o que estava sendo processado. Mais recentemente temos o Arduino, um microcomputador criado de forma colaborativa em 2005 na Itália, dentro de um conceito de open hardware, que permite a sua constante reinvenção, sendo um produto típico dessa nova onda de makers.

Na cultura pop, temos personagens como MacGyver, Tony Stark e Peter Parker que empolgaram toda uma geração com sua capacidade de resolver problemas usando conhecimento científico.

Perceba que o maker não é necessariamente um cientista, embora seja excelente que ele domine alguns conhecimentos científicos. Mas em essência o que ele faz aprender a usar a tecnologia já existente, e as vezes conectá-las, produzindo algo novo.

a revolução da Cultura Maker

Nos últimos anos cresceu o número de pessoas adeptas do estilo “faça você mesmo” de ser, e hoje já se fala em uma Cultura Maker. Em essência, ela é a disseminação deste conhecimento de criatividade prática. Trata-se de empoderar pessoas que não são cientistas para que sejam capazes de criar, modificar e inovar por conta própria usando produtos ao seu redor. Neste movimento o fazer manual é incentivado, e exaltado, e as pessoas são estimuladas a explorar todos os recursos de tecnologia existentes para solucionar problemas práticos.

Inspirada pela ideia do “faça você mesmo”, a cultura maker promove a aprendizagem hands-on, ou mão na massa, incentivando a experimentação e a colaboração. É um universo onde a inovação floresce nas mãos de mentes curiosas e inventivas, transformando ideias em realidade.

Essa mentalidade ganhou força nos últimos anos, impulsionada pela disseminação de vídeos no YouTube que ensinam a fazer diversas coisas, desde eletrônicos a móveis. Recentemente também tem encontrado seu caminho nas salas de aula, com escolas propondo a criação de laboratórios maker. Neles, estudantes aprendem de forma prática, desenvolvendo habilidades criativas com recicláveis, e também em eletrônica, programação e design. Essa abordagem prática tem sido fundamental para inspirar uma nova geração de inventores.

Eventos maker

Como ocorre em qualquer cultura, o mundo maker também tem seus eventos para divulgação e compartilhamento. Alguns deles de renome internacional. No Brasil os mais conceituados são a Campus Party e o FLISoL, com palcos vibrantes onde a criatividade e a tecnologia mostram todo o seu encantamento.

A Campus Party, um fenômeno global, é um festival de inovação que reúne mentes inovadoras para compartilhar conhecimento, explorar novas tecnologias e colaborar em projetos revolucionários. Por outro lado, o FLISoL (Festival Latino-Americano de Instalação de Software Livre) é uma celebração anual que transcende fronteiras latino-americanas, promovendo a disseminação do software livre.

Fora do Brasil, a Maker Faire, o maior evento global do movimento, ocorre em várias cidades apresentando inovações tecnológicas de destaque. Outro evento célebre é o Homebrew Computer Club, no qual Steve Jobs e Steve Wozniak apresentaram o Apple I, marcando o início da revolução dos computadores pessoais.

Nestes eventos, makers de todas as partes compartilham suas paixões, aprendem uns com os outros e fazem parte de uma comunidade apaixonada pela inovação e pelo compartilhamento do conhecimento. Estes eventos não são apenas encontros, mas verdadeiras incubadoras de ideias que impulsionam a cultura maker para o futuro.

construindo e compartilhando o futuro

Com avanços tecnológicos significativos, como a impressão 3D e microcomputadores como o Arduino, o Movimento Maker representa o prenúncio de uma revolução industrial profunda e vasta para a sociedade moderna. Um dos princípios fundamentais deste movimento é o compartilhamento aberto de informações e tecnologia. O exemplo do Arduino, desenvolvido como open hardware, ilustra bem essa filosofia, tornando-se uma referência essencial para a democratização do conhecimento e a expansão da comunidade maker.

Essa revolução na fabricação e educação, centrada na criatividade, autonomia e colaboração, continua a moldar nosso mundo, impulsionando inovações e transformações profundas em diversas áreas da vida contemporânea. E quem sabe nos ajudando a escapar da extinção.

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